quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A carta de Leila Lopes



“Eu não quero envelhecer e sofrer. Eu vi minha mãe sofrer até a morte e não quero isso para mim. Eu quero paz!“


Leila Lopes, ex-atriz da Globo, foi encontrada morta, no dia 3 de dezembro (2009) em seu apartamento. A carta deixada por ela escrita, com clareza, a decisão dela de colocar fim à própria vida. O que intrigou aqueles que leram a carta, no entanto, foi a aparente serenidade da atriz em revelar que não estava a praticar o suicídio, mas a reunir-se com Deus.

As palavras escritas deixadas por Leila Lopes, sinalizam uma importante reflexão sobre o suicídio. Não é ele nem um ato de covardia, nem de coragem. O suicídio é uma forma de comunicação que tem como figura um estado de desespero, desesperança e dor. A busca, na maior parte das vezes, é pela saída, pela interrupção do sofrimento vivido na situação atual. Mais do que matar a si mesmo, no sentido de tirar a própria vida, a pessoa almeja viver de outra forma. Busca uma vida constituída de esperança e novas formas em lidar com os conflitos do cotidiano. Na carta de Leila está explícita sua vontade de continuar vivendo (ao lado de Deus), numa projeção na morte daquilo que gostaria de viver na vida. O ato suicida, como as tentativas de suicídio, são um grito de socorro, um pedido de ajuda, uma expressão do quanto o desejo de morrer mistura-se e confunde-se com o desejo de viver. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada 3 segundos uma pessoa tenta suicídio por ano no mundo, a cada 40 segundos uma pessoa consuma o ato. São aproximadamente 900 mil óbitos por suicídio anualmente no mundo e aproximadamente 9 milhões de tentativas. A desesperança e o desespero são desdobramentos de um processo social, no qual, somos todos responsáveis. Socialização é o processo pelo qual o animal humano torna-se um ser humano e adquire um “eu”. O individuo ganha uma identidade, assume ideias, valores e aspirações e, sob condições favoráveis, torna-se capaz de uma atividade auto-realizadora. A socialização podendo fracassar nestes aspectos; ela pode constranger e inibir o desenvolvimento pessoal. Apesar disso, é a condição indispensável para que o individuo tenha consciência de si mesmo e forme sua identidade.





Por: Tamara Melo

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