A
globalização sempre foi retratada como algo de grande valia. Lembro-me do tempo
de colégio, quando a professora de geografia falava sobre a globalização,
afirmando com plena convicção as benevolências trazidas por essa, como a
informação chegara em tempo ágil, as relações comercias e o seu crescimento
vertiginoso. Porém o que se observa, quando te apresentam ao verdadeiro
capitalismo, é que ele “suga”, por
assim dizer, tudo de bom trazido pela sociedade, buscando o único objetivo: o incessante
lucro.
No
documentário, “O mundo global visto do lado de cá”, realizado com o geógrafo
baiano Milton Santos é desenvolvido uma linha cronológica sobre a globalização
em três fundamentos: Como é vista, como
é realmente e como deveria ser, ressaltando sobre as divisões sociais, as
crises provocadas por ela e as mudanças geradas pelo capitalismo na sociedade.
Ele fundamenta, ainda, como o regime consumista tem agregado valor
vertiginosamente na sociedade, em detrimento do humanismo como o motor do desenvolvimento
e do progresso.
No
decorrer do documentário são apresentados vários fatos que acontecem em todo
mundo sempre observando as causas que a sociedade capitalista nos impõe a fim
de obter benefícios próprios com a desestruturação do território, a
concentração de riqueza nas mãos de poucos e a alienação do consumidor com
ideias utópicas e sua forma de agir, enquanto os indivíduos em estado de
miséria “cavam suas próprias covas”.
A vontade dos governantes e poderosos da
indústria provou que a sede por lucros extrapola o entendimento humano sobre o
que é humanização, quando se cogita e se planeja a privatização da água potável
na Bolívia. Assunto, também, em pauta no 3º Fórum Mundial da Água em Kioto.
Percebe-se que essas políticas estão querendo deturpar a mente do cidadão
quando falam no documentário das vantagens que os mais pobres terão, quando da
redução das tarifas para os menos abastados. Mas aí surge a pergunta: quem
ficará responsável em vender essa água? Quem será o dono? Já que a água é vista
como um bem da humanidade e, como tal, pode ser utilizada por todos.
Outro
objeto de estudo no vídeo é a respeito da fome provoca pela economia de um país.
Segundo Milton Santos a fome que mata milhares de pessoas por dia, não é
provocada pela escassez alimentícia, mas sim pela importância diminuta dada a
ela e sua má distribuição, famigerada pela insaciedade de lucros provocada pelo
capitalismo reinante. Uma vez que, um país sempre produz mais que consome. Nas
sábias palavras de um autor desconhecido, colacionado abaixo, mostra-se como o
capitalismo está do lado dos mais fortes e manipula a sociedade conforme queira:
A ONU
resolveu fazer uma pesquisa em todo o mundo. Enviou uma carta para o
representante de cada país com a pergunta: "Por favor, diga honestamente
qual é a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo". A
pesquisa foi um grande fracasso. Sabe por quê? Todos os países europeus não
entenderam o que era "escassez". Os africanos não sabiam o que era
"alimento". Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações
sobre o que era "opinião". Os argentinos mal sabem o significado de
"por favor". Os norte-americanos nem imaginam o que significa
"resto do mundo". O congresso brasileiro está até agora debatendo o
que é "honestamente".
Nas
sábias palavras do geógrafo, percebe-se o seu entusiamo como o que a sociedade
pode, ainda, mostrar nas bases de um futuro prospero e mais humanizado. O que é
retratado no trecho a seguir:
"Não
cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos (...)
bastariam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita
e, aplicados à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.
Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico
entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos
os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de
bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de
globalização" (Santos, 2002).
Apesar
de todos os enlaces enredado no documentário, Milton Santos afirma que ainda
há esperança. Sua visão otimista do futuro deixa bem claro que a sociedade, aos
poucos, vem deixando suas indignações – com o modo de Estado que se instaurou
no páis – e vem buscando, também, solução para os problemas persistentes na
sociedade.
AUTOR: KLEBER AMARAL